Usando Mangue no aquário marinho

 

O uso de mangue (Rhiziphora sp.) no aquário marinho começou nos EUA por volta do ano 2000 sendo posteriormente adotado na Europa, principalmente na Alemanha. Originalmente seu uso era puramente estético, e o mangue era colocado no display dos aquários.

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No entanto o uso destas plantas também pode ser beneficial para o aquário, ajudando a manter os parâmetros de água de forma mais natural. Recentemente o uso do mangue no refugio ou em um aquário próprio para auxiliar na filtragem tem se tornando cada vez mais popular, principalmente em sistemas de grande volume.

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Vantagens da utilização de Mangue

Assim como as macro algas o mangue absorve fosfato e nitrato para se desenvolver, removendo essas substancias da água. No entanto o mangue  apresenta uma vantagem sobre as macro algas, como ele não é consumido pelos peixes o fosfato e o nitrato não acabam voltando para o sistema nas fezes dos animais. Se as folhas mortas do mangue caírem no aquário e não forem removidas o fosfato e outros nutrientes vão retornar para o sistema, mas isso não ocorre com frequência sendo possível remover as folhas tranquilamente.

Embora o mangue ajuda a remover o excesso de nutrientes ele não é uma solução quando ocorre o acúmulo de grandes quantidades, isso porque seu crescimento é relativamente lento, fazendo com que a quantidade de nutrientes absorvidas seja baixa quando comparada com uma mídia filtrante, como o Seachem Phosguard.

Uma única planta de mangue provavelmente não vai afetar a qualidade da água do sistema (a menos que ele tenha um volume muito reduzido), mas algumas mudas podem ajudar na eliminação de nutrientes de forma significativa , principalmente quando usado em conjunto com macro algas.

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A combinação do mangue com macro algas cria uma variedade maior de ambientes no refugio, o que pode ser muito benéfico para a proliferação de biologia (macro e micro crustáceos e vermes).

Comprando Mangue

As espécies de mangue encontradas com mais frequência no hobby pertencem ao gênero Rhiziphora sp. que utiliza propágulos ao invés de sementes como a maioria das plantas ( e algumas espécies de mangue).  Tanto as espécies de mangue que produzem propágulos quanto as espécies que se multiplicam por sementes podem ser mantidas no refugio ou aquário. Os propágulos apresentam diversas formas dependo da espécie de mangue. O mangue vermelho (Rhiziphora mangle) , que mais comumente encontrado no hobby,   apresentam propágulos com forma alongada e fina, esse formato facilita a penetração na lama após a liberação da árvore adulta. Quando são arrastados pela maré os propágulos podem sobreviver por até 3 meses flutuando, após esse período eles perdem a capacidade de germinar e se desenvolver em uma planta adulta. Além de serem mais resistentes que as sementes os propágulos podem ser fixados com mais facilidade devido a seu formato.

 

Manutenção do Mangue

Na natureza o mangue é capaz de se desenvolver em áreas de solo lamacento e rochoso, por isso os propágulos podem ser colocados em um refugio com Miracle Mud ou encaixados em algumas rochas. Embora eles sejam capazes de se desenvolver entre as rochas os propágulos se desenvolvem melhor em um substrato lamacento com cerca de 25cm.

 

Após ser plantado o mangue precisa de poucos cuidados, sendo capaz de se ajustar ao substrato e iluminação do aquário. O mangue não é exigente quanto a intensidade da iluminação, mas se desenvolve mais rapidamente com uma iluminação mais forte. Porém é preciso tomar cuidado com o excesso de calor produzidos pelas lâmpadas,  o excesso de calor poder queimar as folhas a medida que a muda for crescendo. Quando a iluminação for baixa é preferível utilizar LED, o que evita a geração de muito calor perto da planta.

Para sobreviver na água salgada ou salobra as plantas de mangue precisam filtrar e eliminar o sal presente na água. Isso ocorre primariamente na raiz por um processo análogo a reverse osmose, que permite a planta barrar parte do sal quando absorvem a água. Porém esse processo não é suficiente para eliminar todo o sal , esse excesso pode ser eliminado de duas formas. Na primeira o sal é transportado para algumas folhas especificas que se desprendem da planta, as  espécies do gênero  Rhiziphora como o mangue vermelho utilizam esse sistema. Nesse caso é preciso ficar atento para remover as folhas liberadas pela planta que caem na água.

Outras espécies como os gênero Avicennia eliminam o  sal por poros nas folhas, formando “cristais” de sal. Para manter espécies deste gênero (e outros gêneros com essa característica)  é fundamental  a remoção do excesso de sal da superfície das folhas, se eles não forem removidos os cristais que se formam acabam bloqueando os poros, impedindo a liberação de mais sal.

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Na natureza o vento e a chuva removem os cristais, mas em casa é necessário borrifar as folhas sempre que possível para remover o excesso de sal.

 

Fontes:

http://www.advancedaquarist.com/2002/4/aafeature

http://www.tfhmagazine.com/saltwater-reef/feature-articles/mangroves-in-the-wild-and-in-the-home-aquarium-full-article.htm

How to properly care for mangrove trees in ‘aquaria’

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